03 fevereiro 2012

A andar se faz o caminho

"Post que publiquei a 25 de Novembro de 2010 durante a minha volta ao mundo,
inserido no projeto Caminhos Cruzados."

Neste caso a andar de Bus!
Sai de Kathmandu com bilhete para Sunauli (fronteira entre o Nepal e a Índia) e fui parar a Lumbini (a cidade onde nasceu Buddha).
 
Não, não adormeci e fui até ao fim da linha nem me enganei no autocarro.
Tudo começou no dia anterior quando fui comprar o bilhete e decidi-me pelas carreiras do governo em vez do Autocarro de Turismo (com mais espaço para as pernas, parte mais ou menos a horas e não pode levar nepaleses). Afinal era o dobro do preço, poupei 4 euros. A viagem também era só cerca de 5 horas e como comprei o lugar 1A  com mais espaço para as pernas a coisa dava-se.
O bus partia às 7:30 da manha e antes das 7:00 já lá estava dentro para marcar o lugar. Apesar dos lugares virem marcados nos bilhetes eles mudam-nos para por os amigos sem direito a reclamações, mesmo quando as pessoas já estão lá sentadas. Mas desta vez estava mesmo decidido a ir no meu lugar.
Ás 7:50, lá fora a azáfama para arranjar passageiros para os lugares vazios continuava, nisto vejo a dirigir-se não nossa direcção o homem que controla todo o parque dos bus com um casal. Entra no bus e pede-me o bilhete.
Já tinha visto aquele filme uma data de vezes.
“O teu lugar é lá atrás!” Disse o homem com um ar imponente franzindo a testa como quem está cheio de razão.
“Não é não!” Disse eu ainda com um ar mais imponente, tirando-lhe o bilhete da mão, sorrindo para ele e ao mesmo tempo espetando o indicador ao lado da cara, apontando para o número do lugar que estava escrito memo por cima da minha cabeça.
“O teu lugar é lá a trás! Este lugar está reservado!”
Aí, meti o resto da banana que estava comer no canto da boca como se fosse um charuto e enquanto pegava na mochila disse pelo outro canto da boa.
“Ok! Então tira a minha mala do tejadilho que vou à bilheteira buscar o meu dinheiro de volta.”
Fez cara de mau, praguejou em nepales e fez-me sinal com a mão para me sentar. Sentou os amigos lá atrás e ficaram todos a rir dentro do autocarro.
Dez horas e muitas paragens depois, ainda não tínhamos chegado. O cobrador fez-me sinal que a minha paragem era a próxima e eu perguntei se era a última.
“Não, este bus vai para Lumbini!”
Pensei alguns segundo e não me estava nada a apetecer passar a fronteira e apanha outro bus de 16 horas até varanasi.
Ok, então vou até à última paragem!
Paguei mais 40 rupias e foi assim que cheguei à terra de Buda onde fiquei um dia e meio.
A cidade não tem nada, mas o recinto onde está o templo é muito tranquilo e relaxante com muitas pessoas espalhadas pelo parque a meditar à sombra se grandes árvores.
 
Segundo dizem no mês de maio de 642 AC Maya Devi deslocava-se para casa de seus pais em Devadaha para ter o seu parto, ao passar neste local entrou em trabalho de parto e deu à luz Siddharta Gautama, aquele que viria a se o futuro Buddha.Também dizem que assim que veio ao mundo afirmou - “Este e o meu ultimo renascimento”. De seguida andou dando sete passos sob os quais nasceram igual numero de flores de lotus.
Em 249 DC o Imperador  Ashoka, convertido no Budismo, visitou Lumbini no vigésimo aniversario do seu reinado e aqui colocou quatro stupas e um pilar de pedra que se mantém de pé. Este tem uma inscrição onde diz que o O rei Piyadasi (Ashoka), no 20 aniversario da sua coroação, visitou Lumbini a terra onde nasceu Buddha Sakyamuni.
O pequeno mosteiro construído ao lado deste pilar de pedra tem até um letreiro que indica o local exacto onde nasceu lord Buddha.
Não sei como descobriram, mas ta lá a seta. 
 

1 comentário:

Maritaa disse...

Fantástico o desprendimento da tua viagem :)

Passo a passo, tranquilamente...