Os arrumadores de Maputo não são tão mansinhos como os de Lisboa ou outras cidades por onde tenho passado. Quando estacionamos fazem s sinal ao longe, de que estão a vigiar e quando voltamos vêm a correr para receber os meticais. Se ignoramos ou dizemos que não, é uma carga de trabalhos. Ontem, depois do jantar, não tínhamos trocos. O sujeito disse com muita calma: “Tudo bem, parto o retrovisor!” E agarrou-se ao dito com as duas mãos como se não houvesse amanhã. Nem se deu ao trabalho de puxar, ficou à espera que eu arrancasse para não ter de fazer muita força. O Daniel fez rapidamente as contas e concluiu que mesmo sem trocos, ficava mais barato que um retrovisor novo. É que quem não tem nada, não tem nada a perder mesmo. A foto não tem nada com o resto mas era a única que tinha com retrovisores.
Lugares de paragem representa uma vida passada; mostra um olhar presente, constante, longínquo, sereno... espelha um futuro. Jorge Alves
27 novembro 2009
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